sábado, 20 de agosto de 2011

Capítulo VIII

 Acordada, Laura ainda estava deitada, de olhos fechados. Ela queria entender o que havia acontecido. Lentamente, se sentou, puxou a coberta mais para si (um vento frio provocava um arrepio na sua espinha) e percebeu que na verdade não passava de um lençol muito fino e remendado. Seus ouvidos aguçados pela falta de visão, ouviam ao fundo vozes exaltadas, um gotejar próximo (podia sentir até os respingos nos braços) e a chuva la fora...
 "Será mesmo que tudo foi...um sonho?". Naquele momento, ela apertava mais e mais os olhos! Se recusava a aceitar o que era óbvio, tinha a esperança de voltar a dormir e acordar com os raios mornos de sol, e ouvir os pássaros ao longe!
Mas a voz macia de sua mãe a chamando para se juntar à ela em um café da manhã adorável, foi substituída por um forte bater na porta.
 - Laura, não me obrigue a entrar ai e tira-la da cama! Não vou chamar outra vez, menina!
 Certamente aquela não era sua mãe. " Não pode ser! Não,não,não!"
 Abriu os olhos. Seu coração saltava no peito, temendo o que veria a seguir. "Esse não pode ser meu quarto!". Em seu campo de visão havia uma janela fechada com grandes frestas entre a madeira gasta, as quais deixavam passar a água que vinha de fora. Do lado direito havia um pequeno armário, cujas portas pendiam, cansadas de tantos anos sem concerto. Tudo cheirava a mofo, havia muitas coisas jogadas no chão e o piso certamente estava imundo.
 Olhando para cima, Laura via um teto baixo e com uma pequena lampada apagada ao centro. Algumas goteiras cercavam sua cama, que por sinal estava forrada com papelão para enganar as costas para que não sentisse o estrado de madeira através do colchão muito fino. Resumindo, não havia nada ali que agrada-se a qualquer pessoa.
 Embora fosse doloroso, ela aceitava a cada segundo, que aquilo era a realidade. Não adiantava mais voltar a dormir ou ficar ali parada. Laura procurou um par de chinelos em baixo da cama, mas não encontrou. "Por que está acontecendo?!". Apertou o interruptor, mas a lampada não acendeu.
- Mãe?- disse ela, em um sussurro, ao abrir a porta - Pai?
 Ela saiu observando tudo ao redor, e em cada canto havia mais sujeira e objetos quebrados. Andando sem saber aonde ia, chegou a cozinha. Em cima da pia, um gato sem limpava descaradamente, e nem se importou com a chegada da garota. Ela procurava qualquer coisa reconhecível, qualquer resquício da vida que conhecia (em seu subconsciente).
- Tem alguém aqui?
 Chegou muito perto de uma porta, que estava fechada e colou os ouvidos para ver se ouvia algo do outro lado.  De repente a porta se abriu, e só não a atingiu porque ela se afastou rapidamente.
- O que você está fazendo ai, abobada?
- Mãe?
- Claro que sou sua mãe! O destino nem sempre é bom com a gente, sua infeliz!
 Realmente era a Dona Ana, porem uma bem mais envelhecida, descuidada e pelo visto, mau humorada.
- O que houve aqui, mãe?
- Como assim o que houve? Não vá me dizer que não ouviu o escândalo que seu pai fez?
- Eu, eu não ouvi nada, mas acordei com uns barulhos estranhos... mas, porque tudo está tão... tão... - não havia descrição para o que ela via.
- Vamos parar com essa conversa. Não adianta mais. Deixe ele ir embora! Não precisamos dele! Mas alguém tem que trabalhar nessa casa! Laura, vá procurar já um emprego!


Leitor, a historia não acaba aqui! 
Vire a Ampulheta e siga, continue!
Com sua imaginação, daqui pra frente,  você  faz o final! 

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